Não! Este sucinto texto não é para tratar do ator que publicou a infeliz repetição de uma velha frase conhecida nossa. Mas já que estamos tratando do assunto foi, no mínimo, curiosa a publicidade que os noticiários deram ao ocorrido. Mais interessante foi o fato do Presidente da Assembleia Legislativa em exercício cancelar a peça que ocorreria no teatro daquela Casa. Bem ou mal o artista deixou-nos a reflexão de que é corriqueiro o desrespeito, o deboche para com o nosso Estado.
É simples fazer paródia de algo que não se conhece, que não se viveu ou que não se tem o menor compromisso. Considero, sem dúvidas, um tremendo desrespeito a frase objeto da polêmica. Sou instigado a tocar no tema pois a primeira reprimenda sobre o ocorrido veio das mãos daqueles que nos desrespeitam há muito tempo.
O Piauí merece respeito. Isso é inquestionável. Uma terra de gente hospitaleira e alegre como a nossa não há igual. O que me causa espanto é uma pessoa do sudeste do país vir à nossa terra para nos lembrar de que ela merece ser respeitada. E quando os nossos a desrespeitam, não há reprimenda? Não há repercussão? E quando aqueles que elegemos são os mesmos que a desrespeitam, onde ficam a opinião pública, as manifestações populares?
O piauiense deve recordar todos os dias que ele e sua terra são dignos de respeito. Daqui ou de fora não podemos continuar sendo motivo de chacota para o resto do país. Devemos resgatar na memória quem são os responsáveis por sermos considerados o c* do mundo. E nós sabemos quem são eles. São os mesmos que “crucificam” o de fora para repudiar o “grande desrespeito” cometido contra a nossa gente.
Palavras nos ofendem. Mas ações e omissões em nosso desfavor além de nos ofender nos oprimem. Quando não conseguem dizer com transparência a situação financeira do nosso Estado, quando não sabem explicar porque servidores não estão sendo pagos, quando temos educação, saúde e estradas sucateadas é que deveríamos questionar com veemência: onde foi parar o respeito pelo Piauí e por sua gente?
Importante esclarecer que a crítica não é destinada a Governo, mas a governantes. E que além destes possamos nós levar a sério o Estado em que vivemos. Que o ímpeto que moveu a opinião publica a pressionar o artista à retratação pública em um conhecido programa jornalístico local possa ser o mesmo que, um dia, fará com que nos peçam desculpas por terem explorado e transformado o Piauí em submundo. Até lá podemos começar pensando no quanto e de quem verdadeiramente devemos cobrar um tratamento digno.