Já passam de 40 o número de prefeitos municipais cassados pela Justiça Eleitoral do Piauí. Seria um número assustador se não fosse do nosso cotidiano as mais diversas práticas ilícitas perpetradas, em especial, no interior do nosso Estado. De uma simples fatura de energia paga pelo candidato à remuneração de eleitores em troca do seu voto o Piauí é um alegórico exemplo de que, antes dos candidatos, o eleitor deve repensar o “preço” do seu voto.
O sufrágio obrigatório é uma faca de dois gumes. Se, por um lado, evita que grupos mais organizados e com ideais estapafúrdios ascendam ao poder faz com que eleitores sem o mínimo de esclarecimento político sejam “constrangidos” a escolher qualquer candidato. E essa escolha forçada se dá ou quando o eleitor encontra uma praguinha jogada ao chão ou – o que é pior – ao cruzar com aquele que paga mais caro por sua escolha.
O brasileiro reclama dos serviços públicos, reivindica menos impostos, implora por juros menores. Contudo, esquece que ao colocar os números em uma urna está definindo que rumos serão dados àquelas solicitações corriqueiramente mitigadas por nossos dirigentes. No Piauí a situação não é diferente, talvez a “moeda” de compra seja um pouco diferente: eleitores trocam a sua manifestação democrática por cestas básicas, por carros-pipa, por material de construção. Será que podemos vislumbrar a melhoria de nossas instituições e de nossos candidatos com eleitores dessa qualidade? Eu, pelo menos, não visualizo.
Se o eleitor quer, de verdade, colaborar com o seu candidato deve esclarecê-lo de que as práticas eleitorais ilícitas estão sendo combatidas (preciso relembrar o número de prefeitos cassados?). Estamos numa época em que a informação se registra e se repassa com um “clique” de telefone celular. Nossa experiência democrática é jovem e precisa amadurecer – temos uma Constituição nascida há menos de 30 anos – mas se não iniciarmos agora teremos que conviver durante muito tempo com prefeitos cassados, deputados que aumentam seus próprios salários a patamares estratosféricos e governadores que nos tributam no “apagar das luzes”. Por quanto tempo o brasileiro e, em especial, o piauiense vai suportar esta realidade?
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